20 de agosto de 2013

Hipnoterapia ericksoniana


Ao utilizar o transe hipnótico como ferramentas psicoterapêutica, Milton Erickson compreendeu a importância de respeitar e validar as respostas individuais para esse fenômeno. 

Durante o tratamento psicológico é possível haver um processo educativo, de orientação, recuperação e modificação do que leva determinada pessoa a ter certo comportamento indesejado. É possível auxiliar, proporcionando o ajustamento psicológico de modo a tornar efetiva a superação e solução de conflitos e problemas diversos, tais como ansiedade, depressão, medos, insegurança, angústia, falta de perspectiva, mudanças de humor etc. 

A hipnose é um instrumento importante que pode ser usado no tratamento de inúmeros sintomas em diferentes diagnósticos. O termo hipnose passou a ser utilizado a partir do século XIX, embora os fenômenos hipnóticos sejam tão antigos quanto a existência do homem na Terra. Esses fenômenos são universais e fazem parte da vida cotidiana. Os primeiros registros datam do século XXX a.C., no Egito, através de escritos indicando que sacerdotes induziam a um estado hipnótico.

O significado da palavra hipnose vem do grego hypnos, sono. Mas na verdade não é isso que acontece. A hipnose modifica o padrão de consciência; o indivíduo focaliza sua atenção por meio de uma indução ou de uma auto-indução, concentrando a mente e direcionando seus pensamentos intensificando a atividade cerebral. É um processo diferente, por exemplo, do que ocorre num relaxamento ou de quando estamos dormindo. 

Monoideismo 
Se a hipnose tivesse sido criada a partir do que se conhece hoje de seus fenômenos e efeitos sobre corpo e mente, provavelmente não teria esse nome. James Braid, após ter cunhado esse termo, pensou em mudá-lo para monoideísmo, mas então o termo hipnose já estava em uso. 

Com o decorrer do tempo o recurso passou a ser utilizado em diferentes situações na tentativa de encontrar a cura dos sintomas e sua compreensão. A mente humana e seus efeitos sobre o corpo são ainda hoje poucos conhecidos e parecem, muitas vezes, algo misterioso, sem explicação. A hipnose e seus efeitos sobre a mente humana ganham cada vez mais espaço em pesquisas e estudos que vêm comprovando sua eficiência no tratamento terapêutico. 

Uma pessoa hipnotizada pode entrar em um transe leve, médio ou profundo. Essa variação pode ser pessoal e até mesmo momentânea. Durante um transe leve é possível perceber sinais como: catalepsia, diminuição dos movimentos, respiração e pulso lentos e, às vezes, sinais ideomotores. Num transe médio a catalepsia é mais acentuada, os músculos da face ficam soltos, o movimento de deglutição fica diminuído, há sinais ideomotores, movimentos oculares e respiração lenta. O transe profundo é parecido com o estágio anterior ao sono, podendo ocorrer movimentos rápidos dos olhos (sono REM, segundo a sigla em inglês), é possível abrir os olhos de forma acordada diferente , mas estes ficam vidrados e fixos, ou permanecem num olhar vago, pode-se falar e andar, numa atividade semelhante ao sonambulismo. 

No veneno está o antídoto 
Milton Erickson (1901 1980), psiquiatra norte-americano, estudou e desenvolveu a comunicação para melhor atender seus pacientes utilizando a hipnose como ferramenta básica de trabalho. Logo cedo ele percebeu que cada indivíduo respondia diferentemente às técnicas e aos estímulos apresentados, e por isso passou a utilizar a hipnose de forma única; adaptada à realidade individual apresentada pelo paciente. Milton Erickson direcionava a atenção de seu cliente para aspectos de interesse e utilizava a linguagem pessoal (a forma como cada pessoa se comunica com ela mesma) a seu favor. 

A hipnose é uma forma de comunicação que pode provocar mudanças no pensamento, no sentimento e no comportamento. Embora as pessoas procurassem Milton Erickson com dificuldades, problemas e doenças aparentemente iguais aos manifestados por tantas outras, os motivos da queixa eram diferentes para cada paciente. E, na medida que se respeitava essa individualidade, sem seguir regras gerais e padrões pré-estabelecidos acerca do comportamento humano, os pacientes melhoravam de forma mais rápida e eficaz. Milton Erickson, conduzia seus pacientes a um novo estado, proporcionando a esperada remissão dos sintomas. Ele utilizava aquilo que o próprio paciente trazia como ferramenta para a cura e o encontro de novas saídas. Muitas vezes, o antídoto era feito com o próprio veneno ou ele entendia que o problema em si fazia parte da solução . Milton Erickson contava histórias, usava metáforas, propunha tarefas e sugeria atividades como forma de intervenção. 

As experiências vividas se tornam aprendizagens e durante o transe hipnótico é possível desenvolver novas aprendizagens, reformular o pensamento, aprender outros hábitos, descobrir qualidades insuspeitas. As experiências vividas não podem ser modificadas, mas é possível criar uma nova moldura, re-enquadrando e transformando a percepção do viver e conseqüentemente adquirindo outros comportamentos e atitudes perante a vida. 

Pode-se dizer que fazer psicoterapia consiste em refletir sobre a própria realidade para que se possa adquirir e/ou desenvolver o reconhecimento da responsabilidade sobre si mesmo. Esse aprendizado possibilita a reconstrução contínua das experiências vividas ou imaginárias, pois é através dos recursos internos que a pessoa poderá compreender, solucionar e adaptar-se diante de antigas e novas experiências.




Adriana M. A. de Araújo é psicóloga clínica e hipnoterapeuta ericksoniana.

Fonte: http://www.desenvolvimentoexcelencia.com.br/artigos.php?codigo=96

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